segunda-feira, 24 de outubro de 2016
A JUVENTUDE DANDO SHOW DE DEMOCRACIA
A
juventude, representada pelos estudantes que estão ocupando massivamente as
escolas paranaenses, principalmente, e que está espraiando por todo o Brasil,
de modo geral, está amparada pelos movimentos estudantis organizados bem como
por setores das universidades para a realização de uma grande mobilização. São
mais de 1000 escolas ocupadas, entre elas escolas estaduais, campi de Institutos Federais e
universidades que buscam, de algum modo, responder às atrocidades que estão
sendo geradas e governadas em um Estado de Exceção.
Quando
vimos os interesses que estavam por trás da realização do impedimento da nossa
presidenta, preocupamos muito não só com o Golpe, que estava na iminência de
consolidação, mas também com a passividade daqueles que lutam pelo Estado
Democrático de Direito, que, com apatia, acabaram por aceitar que uma minoria
esbravejante, batedora de panelas, que, apoiada pela mídia, vestiram a camisa
da seleção brasileira e foram às ruas pelo impedimento. Já sabemos dos
elementos envolvidos, da forma como pensam e o que isso gerou, por isso,
concentraremos nossa análise na passividade do povo que elegeu Dilma Rousseff.
Naqueles
dias escrevemos livros, escrevemos textos nos nossos veículos virtuais,
debatemos com a comunidade, brigamos nos grupos do whatsapp, causamos
verdadeiros embates entre os familiares e amigos, porém, tudo gerou pouca efetividade prática.
A população, sobretudo aquela que pensa à esquerda, estava cauterizada com o
grande período em que que não precisou “descer o morro”, não no sentido
pejorativo e preconceituoso, mas sim no sentido de que, independente se
estivermos em nosso barraco ou em nosso apartamento, deveríamos descer às ruas
para mobilizar o país em defesa da democracia. Mesmo assim, um número muito
maior de indivíduos desceram às ruas, se comparado ao “período coxinha da
história” e foram em diversas manifestações, porém o gargalo estava na
divulgação do movimento. Enquanto a favor do impedimento, a mídia golpista
fazia chamadas de 5 em 5 minutos pra mostrar até pequenos agrupamentos em um
domingo à tarde, nos movimentos legítimos em defesa da democracia, mesmo com
grandes aglomerações simultâneas em muitas cidades do Brasil, sequer uma
pequena nota foi lançada. Portanto, uma desmedida proporção de cobertura, com
um fim em si mesmo: boicotar os movimentos dos trabalhadores e oprimidos.
Tais
fatores enfraqueceram o pouco que restou dos movimentos, em que sujeitos
vinculados a qualquer fórum se desgastaram e viram a grande tomada de poder,
pela elite, das eleições municipais. Foram capazes de eleger “Dólar Junior” pra
governar a maior cidade brasileira! Quando os professores, no Paraná, há dois
anos atrás, se mobilizaram, foram recebidos à bala; em São Paulo, os cães de
guarda do governo trataram de farejar qualquer indivíduo defendendo a cidadania
e a democracia, tacaram balas de borracha e recepcionaram com a truculência que
lhes é inerente. O desânimo parecia generalizado, mas apenas parecia, pois a
juventude e os movimentos estudantis, que sempre tiveram do lado certo da história,
resolveram fazer suas ocupações pacíficas nas instituições, cujo objetivo é
parar o Estado brasileiro para chamar a atenção para mais algumas atrocidades que
estão em pauta no Congresso mais corrupto e reacionário da história: A PEC-241,
a Medida Provisória do Mendoncinha, entre outras.
Os
Jovens estão demonstrando que é possível lutar, arregaçar as mangas e não
deixar um governo golpista, vendido, atender aos interesses da elite e dos
organismos e empresas internacionais. Estão nos ensinando que, a despeito de
serem muito jovens (argumento que só serve pra mandarem eles pra casa), estão plenamente engajados na luta por uma educação para a
cidadania. Sofrem todos os dias com as retaliações dos diretores, professores e comunidade que não entende e não quer entender. No caso dos Institutos
Federais, sofrem retaliações e ameaças do MEC, confirmando o Estado de Exceção.
Nos campi, alguns diretores patrulham o movimento. Em escolas estaduais do
Paraná, os próprios professores (aqueles que ficaram em casa enquanto os outros
levavam bomba em Curitiba) querem o retorno às aulas, pois estão mais
preocupados com o “Hoje” e com suas férias de fim de ano do que com o que pode
virar a educação do país com a aprovação dessa PEC. Portanto, total apoio à
mobilização estudantil e aos jovens, que estão ensinando os adultos que não
estão dispostos a engolir o golpe goela abaixo e vão lutar pelos direitos e
conquistas, custe o que custar.
Aproveito
o momento e convido todos a acompanharem a rádio criada pelo Movimento do
Campus Avançado Astorga na divulgação das ações e do cotidiano da luta:
Pós-Doutorando pelo Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IPPUR/UFRJ); Doutor em Geografia pelo Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Estadual de Maringá (PGE-UEM); Pesquisador do Grupo de Estudos Urbanos (GEUR/UEM) e do Observatório das Metrópoles (UFRJ e UEM). Professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Paraná (IFPR); Consultor da UNESCO/MEC; Conselheiro no Conselho Municipal de Planejamento e Gestão Territorial (CMPGT) de Maringá (PR) e Delegado da Assembléia de Planejamento e Gestão Territorial 5 (APGT-5) de Maringá (PR).
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