segunda-feira, 14 de julho de 2014
A influência do 7 a 1 na eleição? Nenhuma, Fonte: CartaCapital
Apesar do olhar preconceituoso e desatualizado das elites, o povo brasileiro em geral separa muito bem o que quer da seleção e o que quer do governo
por Pedro Serrano em CartaCapital
Pois é, teve Copa, e ela foi considerada por muitos da imprensa estrangeira a Copa das Copas, um dos melhores eventos do gênero nas ultimas décadas.
Problemas graves apareceram: a já rotineira truculência policial; gente sendo expulsa de seu local de moradia para construção de estádios; especulação imobiliária sem a devida compensação; supostos superfaturamento de obras, etc. Esperamos que nosso aparato judicial dê conta de resolver essas questões e os resíduos de obras por findar sejam logo concluídos.
Apesar de ter obtido um bom resultado no torneio, o melhor nas últimas copas, a seleção passou a imagem de ser um fiasco. Perder para a Alemanha tudo bem, mas de seis gols de diferença!!! E ainda em casa.
O que está em pauta agora, porém, é a influencia da derrota da seleção no resultado eleitoral. Certas publicações de mídia comercial procuram empurrar para Dilma a culpa pela derrota.
Não creio que lograrão êxito em sua tentativa. Nossas eleições presidenciais têm coincidido com as Copas do Mundo e não se registra influencia de uma na outra.
O derrotado no plano politico pela Copa foi o catastrofismo de setores de direita que, por um tempo relativamente longo, encontrou eco em parte da população bem intencionada.
Muita gente acreditou que tumultos, obras incompletas e insuficiência no transporte aéreo e nos aeroportos inviabilizariam o evento. O bordão “Como vai ser na Copa?” tornou-se comum ante qualquer pequena frustração cotidiana, do atraso de um voo à falta de mostarda na lanchonete.
Centenas de matérias e páginas de jornal foram dispendidas pondo em dúvida a viabilidade do evento de forma direta ou indireta, sem qualquer reflexão objetiva e racional. Um exemplo é o fato de que o número de visitantes que receberíamos seria inferior ao que circula pelo sistema aéreo nacional e por nosso território em feriados rotineiros nossos.
Mais uma vez em nossa história recente o noticiário abriu mão do bom jornalismo em favor da manipulação de afetos de seus leitores, tratando de indispô-los contra o governo não pelas razões pelas quais este talvez o merecesse, mas pela produção de uma fantasia coletiva que se demonstrou totalmente inexistente.
Esse clima fantasioso de catástrofe foi o grande derrotado politicamente pelo evento.
Acreditar que resultados positivos ou negativos de nossa seleção numa Copa do Mundo possam mudar um resultado eleitoral revela um preconceito desatualizado no olhar de nossa elite sobre o grau de informação e de qualidade do voto de nosso povo.
Apesar das deficiências de educação formal de nossa população, muito menores, diga-se, do que na década de 70 do Brasil ame-o ou deixe-o, diga-se, nosso povo é mais bem informado e menos manipulável do que supõe nossa elite, que não o conhece nem com ele convive.
As pessoas em geral separam muito bem o que querem da seleção e o que querem do governo.
A influência real dos 7 a 1 na eleição presidencial será a mesma que seria caso nossa seleção fosse campeã: nenhuma.
Nossa população é mais consciente do que muitos pensam. Vota por seus interesses políticos e econômicos específicos. Votarão no candidato que representar para o País, em sua visão, mais desenvolvimento com mais distribuição e ampliação dos benefícios sociais.
Nosso povo quer do governante eleito emprego e mais renda, e não troca essa dimensão real de sua existência pela festa de uma vitória de sua seleção de futebol.
Futebol hoje é entretenimento, e não mais o pão e circo que já foi.
Pós-Doutorando pelo Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IPPUR/UFRJ); Doutor em Geografia pelo Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Estadual de Maringá (PGE-UEM); Pesquisador do Grupo de Estudos Urbanos (GEUR/UEM) e do Observatório das Metrópoles (UFRJ e UEM). Professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Paraná (IFPR); Consultor da UNESCO/MEC; Conselheiro no Conselho Municipal de Planejamento e Gestão Territorial (CMPGT) de Maringá (PR) e Delegado da Assembléia de Planejamento e Gestão Territorial 5 (APGT-5) de Maringá (PR).
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